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Alta do juro básico não deve restringir crédito ao consumidor, diz Anefac
O governo está fazendo medidas gradativas, esperando que elas, conjuntamente, provoquem desaceleração suave, para que isso não afete mais o nível de emprego e renda.
O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne desde terça-feira (19) para definir a nova taxa básica de juro e, de acordo com o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira, deve haver um aumento na Selic de meio ponto percentual, o qual não deve restringir o crédito.
Ele explicou que a taxa básica, por si só, não deve ter um efeito restritivo porque os prazos de pagamento do crédito ao consumidor no Brasil ainda estão longos. Desta forma, a parcela dos financiamentos fica apenas “alguns centavos” mais cara. “Isso não vai fazer com que a pessoa deixe de comprar os seus bens”, explicou ele.
Medidas
Desde o final do ano passado, como forma de conter a inflação, o governo tem lançado medidas de restrição da demanda, impondo restrições para o consumo das famílias. Entre elas, está dificultar a tomada de empréstimos.
“Temos uma série de medidas sendo tomadas desde dezembro. Elas são medidas restritivas, mas, a princípio, como temos um processo de economia com crédito, geração de renda e emprego e como o consumidor não está se sentindo pressionado nem encontrando prazos curtos ele continua comprando”, disse Oliveira.
Entre as medidas que realmente restringiriam o crédito, ele citou uma “paulada” na taxa básica de juro, o que causaria desaceleração da economia, maior desemprego e menor geração de renda; o aumento dos recolhimentos compulsórios (retenção de parte do dinheiro dos bancos no Banco Central), para reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos têm para emprestar; e redução do prazo, que faria com que as parcelas dos empréstimos realmente ficassem mais caras.
Aos poucos
De acordo com Oliveira, o governo está de olho na inflação, mas não quer combatê-la de forma a comprometer muito o desempenho da economia brasileira.
“O governo está fazendo medidas gradativas, esperando que elas, conjuntamente, provoquem desaceleração suave, para que isso não afete mais o nível de emprego e renda. De certa forma, isso é inteligente, porque, de que adianta provocar queda no crescimento da economia por conta de seguir à risca o controle da inflação?”, questionou.
No fim da história, quando todas as medidas forem tomadas, ele disse que o crédito no Brasil deve crescer menos do que o previsto anteriormente. Agora, se projeta uma alta entre 15% e 20%, enquanto que antes das medidas a estimativa chegava a 25%.