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"O menor caminho entre sua empresa e o Sucesso"

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"O menor caminho entre sua empresa e o Sucesso"

O caminho para os lucros

Acredite: vale a pena sair da rotina para acompanhar as reuniões das empresas.

 O gaúcho Valter Bianchi Filho, fundador da gestora Fundamenta Investimentos, administra R$ 100 milhões, divididos entre três fundos e cerca de 400 clientes individuais. Tamanha responsabilidade exige rapidez para reunir informações sobre as empresas listadas na bolsa, que o ajudam a decidir se está na hora de comprar ou vender. Mas Bianchi não se limita a acompanhar as cotações e a ler análises de especialistas. Quatro vezes por ano, o engenheiro de 39 anos deixa o ar-condicionado do escritório em Porto Alegre para conhecer as instalações das companhias em que investe. Além disso, ele bate cartão em eventos dedicados a acionistas. 

“Ler o balanço ou participar de uma teleconferência é diferente de conhecer o clima da empresa”, diz Bianchi. Mais e mais gestores de recursos concordam. Em 2013, 109 companhias abertas realizaram 122 reuniões. Empresas relevantes na bolsa, como Itaú Unibanco, ALL, Bradesco e BRF, fizeram em média dois ou mais encontros, segundo um levantamento feito pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Ricardo Tadeu Martins, presidente da associação, diz que o perfil do público das reuniões mudou bastante nos últimos anos com o aumento de investidores pessoa fîsica. 
 
“Muitos investidores, que antes eram mal orientados, passaram a acompanhar seus investimentos indo às reuniões.” O problema comum a todos é encontrar brechas na agenda, por isso a dica dos especialistas é a seletividade. “Algumas reuniões são excelentes e outras não acrescentam nada”, diz Bianchi. Entre suas preferidas em termos de proximidade e transparência estão as metalúrgicas Gerdau e Usiminas, as automotivas Marcopolo e Randon e a energética Tractebel. “Em 2011, aceitei o convite da Natura para conhecer a fábrica, em Cajamar”, diz ele. “Até então, eu não era investidor, mas mudei de ideia por ter visto como a companhia é por dentro.”
 
Para o acionista, outra vantagem é a oportunidade de conhecer pessoalmente os executivos da empresa. É o que faz o paulistano Fernando Merces de Almeida. Aos 60 anos, ele investe 50% de seus recursos em ações e não perde nenhum dos eventos realizados pelas empresas das quais é sócio. “É a oportunidade que tenho de estar frente a frente com os executivos.” Além do olho no olho, Almeida aconselha o acionista a usar outros canais de comunicação. “Ligue para o departamento de relações com investidores e não deixe nenhuma dúvida sem resposta”, afirma. Na quarta-feira 19, por exemplo, ele esteve na reunião do Santander, em São Paulo, que contou com mais de 170 participantes. 
 
Lá, Almeida recordou um questionamento que havia feito no encontro do ano passado, que discutiu os prognósticos para 2013. Naquele momento, disse ele, os executivos haviam afirmado estarem otimistas. A divulgação dos resultados, porém, mostrou números abaixo do esperado e Almeida cobrou explicações. “Vocês estavam otimistas em 2013 e suas expectativas não se concretizaram. Será que os resultados vão decepcionar de novo?” Como resposta, Carlos Galán, vice-presidente executivo de finanças do Santander, admitiu que não estava satisfeito com os resultados, mas que a instituição estava se esforçando para entregar números melhores. “Nessas reuniões, os executivos costumam ser menos engessados. 
 
Portanto, a dica é observar com atenção o que eles falam e não ter medo de fazer perguntas difíceis”, diz Bianchi. “Questione, provoque e fique atento à linguagem não verbal, que melhora a percepção sobre a seriedade da companhia.” Outra dica importante é confrontar os números dos balanços e as perspectivas com a capacidade física da empresa. “Veja se ela trabalha no limite, se é organizada e se tem potencial de cumprir o que está prometendo”, diz. Mais uma forma de tirar proveito dos encontros é conversar com analistas e outros investidores em busca de novos pontos de vista. Mario Bernardes Junior, analista do BB Investimentos, reconhece que o mercado deve cobrar e buscar objetividade nesses locais. 
 
“Várias vezes chegamos com uma visão mais rígida e depois de ouvir os executivos mudamos a ideia que tínhamos.” Se para o investidor essas reuniões são importantes, o que dizer em relação à empresa? Por obrigação legal, as companhias de capital aberto devem realizar uma reunião com o mercado anualmente, mas, em tempos de maré baixa, ficar mais próximo do investidor pode significar mais negócios. Luiz Felipe Taunay, diretor de relações com investidores do Santander, diz que os encontros devem ser um complemento na comunicação com os investidores. “A reunião é uma das formas que temos para dialogar com públicos de demandas distintas, que são os analistas e os acionistas individuais.” Apesar de a maioria das empresas brasileiras preferir fazer reuniões em hotéis ou nos escritórios centrais, vem aumentando a percepção da importância de abrir as instalações à visitação dos acionistas. 
 
Segundo um levantamento da MZ Group realizado com 300 analistas e investidores, 60% deles consideram importante visitar as empresas. Contudo, só 30% das 53 companhias que compõem o Ibovespa fizeram esse tipo de encontro no ano passado. Rui Gustavo Munua, analista da MZ Group, diz que elas já perceberam que o investidor está mais exigente e tem cobrado coisas novas. Mesmo assim, as empresas brasileiras ainda estão longe de conseguir milhares de pessoas em um estádio, como faz a Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett. No ano passado, as ações subiram 37,2% e, em 2014, acumulam uma alta de 3,4% Não por acaso, todos os anos uma multidão se espreme nas arquibancadas para ouvir o Oráculo de Omaha.