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Trabalho Remoto: uma visão do CEO da Nulinga
Perder talentos por uma mera questão geográfica não me parece nada lógico, sobretudo se estamos falando de um trabalho que pode ser realizado de qualquer lugar.
Se você, assim como eu, é defensor do trabalho remoto, provavelmente já deve ter se perguntado isso algumas vezes. Meu objetivo não é entrar nos motivos que estão levando muitos empresários a simplesmente desistirem do trabalho remoto, até porque, sinceramente, não sei ao certo quais são.
Como CEO de uma startup, não consigo encontrar uma justificativa razoável para obrigar as pessoas que trabalham comigo a perder duas horas do seu dia para ir e voltar de um escritório envidraçado de segunda a sexta-feira. E mais: não consigo imaginar a possibilidade de ter que contratar somente pessoas que vivem na mesma cidade onde está esse tal escritório. Perder talentos por uma mera questão geográfica não me parece nada lógico, sobretudo se estamos falando de um trabalho que pode ser realizado de qualquer lugar.
Na Nulinga contamos com equipes espalhadas por diferentes cidades, estados e países, e seria impensável para mim outra forma de trabalhar. A Nulinga é uma plataforma corporativa de idiomas que nasceu remota e continua remota a mais de três anos da sua fundação. E aqui estamos, em constante crescimento e sem nenhum tipo de obstáculo que poderia ser solucionado com a presencialidade.
Minha inclinação ao trabalho remoto não começou com a pandemia. Na verdade, não é nada nova. Em 2014, na minha startup anterior, que acabou sendo vendida em 2018, oferecíamos três dias de home office por semana, algo totalmente revolucionário para a época, e que nove anos depois ainda não é a regra.
Apesar de estarmos vivendo uma onda de líderes exigindo a volta do trabalho presencial em todo o mundo – mesmo que curiosamente a modalidade tenha funcionado durante a pandemia -, sei que não estou sozinho nessa. Inclusive, algumas das empresas com os modelos de negócio mais inovadores têm CEOs com pontos de vista como o meu.
Brian Chesky, CEO do Airbnb, e Tobi Lutke, CEO da Shopify, são dois exemplos de executivos adeptos do “live and work anywhere”. Talvez o que temos em comum seja a ausência da necessidade de fazer micromanagement, com todo mundo sentado lado a lado em mesas compridas dentro de escritórios com paredes de vidro no centro da cidade. Talvez também tenhamos em comum o conhecimento de ferramentas e práticas que facilitam o trabalho remoto. Ou talvez as pessoas que escolhem trabalhar em nossas empresas sejam mais produtivas dessa forma.
Também não estou dizendo que tudo são flores. Mesmo acostumado com essa modalidade, continuo achando que ela traz sim muitos desafios, como limitações na comunicação entre equipes ou a perda da interação que gera a hora do cafezinho no escritório. No entanto, acredito que muitos desses desafios podem ser amenizados com ferramentas de comunicação assincrônica, processos de relatórios periódicos, além de encontros virtuais que simulam essas reuniões casuais nos corredores da empresa. E é por isso que, equilibrando prós e contras, benefícios e desafios, no geral, ainda escolho o trabalho remoto.
Para mim, a equação é simples: se o trabalho pode ser realizado de qualquer lugar com um computador conectado a internet, e quem realiza esse trabalho prefere fazê-lo remotamente pelo motivo que seja, então a melhor forma de trabalhar é a remota. Funciona para mim, para a empresa e para as pessoas que trabalham nela.